Monday, 3 September 2007

Vivendo um brasileiro desconstruído.



O lançamento do livro “Direito à Memória e à Verdade”, com a presença de Lula, abriu de novo uma ferida que nunca fechou: a da tortura e morte durante a ditadura militar.

O Brasil teve sim e todos sabem o seu momento negro, sombrio e maldito na sua história. Quantas vidas, quantos jovens, jamais voltaram para suas casas. Outros, não mais foram encontrados. Não se sabe ainda de fato, quantos cadáveres existem ocultados nas terras deste país. Gente como eu e você, mas, que foram perseguidos, ridicularizados, violentados, esquartejados, esfacelados e esquecidos. Por terem se levantado contra a ditadura.

Verdade é, o povo na sua maioria não era contra a ditadura, sim, covardes, me perdoem a palavra. Por isso, a maldita ditadura durou tanto tempo. E aqueles que se opuseram, enfim, foram massacrados.

Pergunte a Clarice Herzog, viúva de Vlademir Herzog, torturado e morto em 1975. Por que Vlado se tornou tão simbólico? Clarice – “Porque ele era diretor de uma TV pública, dava aula na USP, tinha passaporte, podia sair do País se quisesse. Os perseguidos não eram mais só clandestinos ou membros da luta armada. Houve uma ruptura.” (Entrevista ao Estadão).

Fato é, esses guerreiros, devem estar se remoendo em ver que morreram, lutaram, para que hoje o povo brasileiro tivesse sua dignidade, liberdade e honra prevalecida.

Agora, eis a questão. Este povo está mesmo interessado nisto ou naquilo? É triste ver pessoas mais preocupadas nas votações dos BBBs da vida, do que realmente na situação do país. Não é a toa que estamos ao mesmo tempo em que, com toda esta informação, há rapidez em tomar conhecimento dos fatos, porém, temos uma massa que aprendeu a consumir escândalos.

Existe a turma do “rouba mais faz”, aqueles que querem levar ‘o seu’, os corruptos de criação, os ordinários, os esdrúxulos e alguns bandidos parlamentares.

Se o povo brasileiro, ao menos tomasse partido, ou seja, conhecimento da real história brasileira, suas lutas e conquistas. Talvez valorizassem mais o seu país. Seu voto, suas instituições, seriam eu acredito, mais aguerridos.

É, a morte destes grandes brasileiros, ainda irá ecoar por muito tempo. Veja bem, existe um clamor por parte de alguns para que sejam abertos os arquivos da ditadura. Mas, o filho de Vlado, Ivo Herzog, faz um alerta. Se a abertura for para criar um cerco sensacionalista das mídias, é melhor que não abra.

Ele tem toda a razão, essas pessoas já foram marginalizadas e aterrorizadas de mais. Servir como holofotes em uma mídia cada vez mais ‘parcial disto ou daquilo’, realmente é melhor deixarmos pra lá.

Acordem povo brasileiro, respeitem seus lutadores, respeitem os grandes cidadãos deste nosso país.




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