Desde criança sinto o anseio de voar,
abandonar-me em meio ao vento.
Quem nunca quis, quem nunca sentiu.
Ainda que o vôo me alivie,
ainda que eu possa estar em outro lugar.
Por que esta constante inquietação?
Como a mosca que cerca o lixo.
Como incrédulo,
persistente, ansioso.
Como asas que ganho,
ao fugir dos horrores.
Um pesadelo de criança,
uma lágrima escorrida.
Um sorriso sufocado.
Preso ao sonho, sofrendo a insônia.
Um paradoxo, barroco ou antagônico.
Voar talvez fosse, mais lindo é ver.
Pássaros, sim, eles voam e cantam.
Não escondem a maldade como nós.
Por isso voam, não tiram vantagem.
São verdadeiros, merecem a dádiva.
Um olhar reprimido,
um triste riso,
humano sem asas,
homem sem esperança.
Como pássaro atingido,
caído em meio a lástima,
sem o vôo pelo chão.
willians de abreu
Friday, 27 July 2007
Desabafos 19 - "O sonho de voar"
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