Friday 29 August 2008

Uma viagem a Cuba em três posts - Parte II/5


Foto: Centro de Cuba, by Daguito Rodrigues

A Viagem...

Cuba é um pais alegre, musical e muito colorido. Sua principal fonte de renda é o turismo, então eles fazem de tudo para que você volte ao seu país falando maravilhas do lugar. Alem disso, o cubano é naturalmente simpático e adora conversar.

Nos quatro dias que ficamos em Havana, conhecemos praticamente todos os pontos turísticos. Fortes, museus, bares, restaurantes, igrejas, fomos até no cemitério e no bosque.

Para quem já foi à Bahia, Havana Vieja, com suas ruelas, construções antigas e muitas igrejas, é bem familiar.

Você vê muitos carros anos 50, mas vê também alguns Ladas e alguns carros mais modernos.

Mas nossos grandes momentos na cidade e no resto da viagem foram conversando com os cubanos.

Numa tarde de sol e calor, sentamos num barzinho cheio de árvores e com uma fonte perto do nosso hotel, em Havana Vieja. Fumamos um charuto cubano, bebemos mojitos e cervejas – quentes, como já disse. Ali, conhecemos Felito. Um pintor que praticamente mora naquele bar, vivendo das gorjetas dadas pelos turistas cujos desenhos são feitos por ele.

Felito se juntou à nossa mesa e logo trouxe o casal de velhinhos que tocava ali para os turistas e, enquanto o tempo passava, foi trazendo mais cubanos para o nosso papo. Política, esporte, música e divagações de mesa de bar. Conversamos sobre tudo com todos. Eles sem beber, só pelo prazer de falar e ouvir.

Isso se repetiu ao longo de nossa viagem. Em Trinidad, uma cidade muito parecida com Ouro Preto e recomendadíssima por nós, fomos pescar com arpão com dois cubanos. Tiramos os peixes do mar e levamos para a praia, onde assamos na brasa ali mesmo e comemos com as mãos. Depois, conversamos durante horas com os dois pescadores.

De carro, rodando por Cuba, você realmente conhece a ilha e seu povo. Você vê pessoas nos acostamentos com um leque de moeda nacional nas mãos pedindo carona – vão pagar pela gasolina. Vê muito pau de arara parando no meio da pista para as pessoas subirem e descerem. Vê tratores como meio de transporte.

Mas as estradas não são velhas e esburacadas como eu esperava. Claro que não são um primor. A principal delas, a Autopista ou Ochovías, não tem nenhuma sinalização. Nem as tradicionais faixas que dividem a pista são pintadas no asfalto.

Mas não tivemos problema algum, apenas um pneu furado em Trinidad, que percebemos quando saímos de Playa Ancón. Os dois cubanos pescadores que estavam com a gente trocaram pra mim.

Fomos a lugares que quase nenhum turista vai. Conhecemos o enorme pântano Cienaga Zapata. As praias da Bahia dos Porcos. A pequena e simpática cidade de Cienfuegos. A menor ainda, mas nem tão simpática, Sancti-Spiritus. A cidade onde Che está enterrado, Santa Clara, com um museu dedicado a ele realmente emocionante. As mais diversas praias freqüentadas pelos cubanos. A pequena Matanzas, ali perto de Havana. Fizemos uma trilha até uma das mais belas cachoeiras e piscinas naturais que já vimos em Trinidad – e voltamos pela trilha a cavalo, sob sol e chuva. Fomos a uma discoteca feita dentro de uma caverna, em Trinidad, com direito a morcegos sobrevoando o lugar. Comemos muita lagosta, que variava de 6 a 8 cucs. Vimos muita novela brasileira nas casas, com José Mayer dublado em espanhol. Ouvimos muitos elogios a essas novelas, e muitas criticas ao Barcelona que não queria liberar o Ronaldinho para as Olimpíadas de Pequim. "Não sabemos jogar, mas adoramos futebol. Principalmente, claro, o brasileiro", diziam. Fomos confundidos como italianos e espanhóis. Alguns, diziam que éramos franceses e argentinos. Um me chamou de árabe.

Conhecemos a incrível Cueva de los Peces, uma caverna inundada bem perto da praia, de água verde e gélida, cheia de peixes coloridos. Alugamos snorkil e mergulhamos ali e no mar, do outro lado da estrada. Foi um dos lugares mais incríveis, de água turquesa, cheio de peixes e corais. Uma onda jogou minha namorada sobre um deles, os chamados corales de fuego, que, segundo ela, queimam muito. Seus braços e pernas ficaram muito marcados durante dias. Os cubanos nos recomendaram passar água do mar, claro, e vinagre. Almoçamos num restaurante espetacular e barato ali na Cueva mesmo, de frente pra caverna inundada. Comemos lula e camarão.

Mas também fomos a dois lugares bem turísticos, com hotéis all-incusive – você paga um preço fixo e tudo está incluído, de bebida e comida a passeio de barco. Cayo Santa Maria, o cayo mais recomendado pelos cubanos, é espetacular. Fazendo snorkil numa das praias, encontrei um trator amarelo de brinquedo no fundo do mar. Claro que eu trouxe de lembrança. Varadero também é muito bonito, mas os hotéis são velhos e o lugar é muito cheio.

Cuba é um lugar realmente incrível. E o cubano é mais incrível ainda.

"Sermos cultos para sermos livres".





Daguito Rodrigues é formado em jornalismo e cinema e atualmente trabalha como redator publicitário na agência Salles Chemistri, em São Paulo no Brasil.








Continua...








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