Tuesday 10 March 2009

Para onde vai a comunicação com a crise?



Enquanto alguns “juram de pés juntos” que o Brasil ainda não sentiu os efeitos da crise, os mais realistas não falam coisas tão otimistas assim. Sei o quanto é chato ficar falando em crise, mas, fingir que ela não exista é o mesmo que dar um “tiro no pé”. Ontem por exemplo, a economia americana registrou seu pior resultado nos últimos doze anos, e não é por menos, o grande termômetro são as agências de publicidade.

Não sou um dos dinossauros no mercado, porém, por trabalhar já há dez anos com comunicação, posso dizer que ando sim, um quanto preocupado com o cenário. Agências reduzindo custos, demitindo inúmeros profissionais, entre eles alguns conhecidos da labuta e claro, contas cortando seus budgets e em alguns casos, reduzindo-o a zero.

Não é um dos melhores ‘climas’ este ano, o pior é não termos de fato algo concreto em relação a real situação da economia mundial e para onde ela deverá caminhar. Mesmo sendo a economia um aglomerado de circunstâncias psicosociais, não me parece ser possível levantar um movimento prol boas “energias” e tudo mudar como em um manifesto.

A comunicação diz bem isso, no ano passado, a exemplo, o investimento publicitário na Internet praticamente foi igual ao da TV por assinatura, deixando uma amarga saudade, sem falar de quando seu crescimento superou os 44% em 2007, segundo os dados do Intermeios.

De lá para cá, vimos o fortalecimento das redes sociais digitais, e quando todos pensavam que finalmente estávamos próximos da “receita de bolo” sobre como ganhar valor sobre isto, descobrimos o quanto ainda está longe tamanha proeza.

Como já disse o mestre Marcelo Coutinho em sua coluna no “IDG NOW” na semana passada, “Na medida em que a Web vai se tornando um grande “arquipélago” de redes sociais (Orkut, Facebook, Linkedin, Twitter, etc), uma campanha bem concebida pode migrar entre os usuários de cada uma dessas comunidades, atingindo um volume de visualizações muito além da simples audiência de um banner ou link patrocinado. O conceito (“marketing de semeadura”) já foi bem explicado em um artigo da Harvard Business Review, e embora não seja simples de ser executado, possui um potencial que vai muito além do número de “impactos” ou GRP’s (medida de esforço de mídia) de uma campanha tradicional.”

Temos um enorme ponto de interrogação, onde os anunciantes tentam dar as respostas ao seu e nós, comunicadores, lutamos para respondermos o nosso. O fato é que, a comunicação está perdida em meio as tantas variáveis do mercado.

Algumas agências tentam provar com anúncios e discursos acalorados que a crise não as atingiu, outras mais modestas, prometem estarem lutando contra ela, e algumas neutras, ficam no “muro” esperando qual deve ser o rumo das coisas.

Onde todo mundo arrisca ou se encolhe, não vejo outro caminho que não seja analisar e compreender as atuais tendências, onde começou, quando e para onde estão indo. Também concordo com o ponto de vista levantando por Coutinho, quando ele citou que os hábitos dos ‘heavy users’ devem gradualmente “ganhar corpo entre a população conectada”.

Bem, detesto quando dizemos algo que parece soar como meramente falso acolhedor, ou ainda, transparece ser o tipo de consolo, “vai ferrar mais você sobrevive”, digo apenas que em outras situações semelhantes, quem soube enxergar o horizonte num todo, se posicionando corretamente, teve ao fim fôlego para sobreviver e colher frutos posteriormente quando a coisa se estabilizou. Fica aí o desafio, o resto é com certeza conversa ‘fiada’.




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